
PlayStation
Os anos 90 foram estrondosos para os amantes dos videojogos. E se na primeira metade da década tivemos a titânica luta dos sistemas de 16 bits, com a Mega Drive e a Super Nintendo a encantarem os adeptos desta forma de entretenimento, sempre coadjuvados pela excelente experiência portátil que o Game Boy oferecia, a segunda metade da década foi dominada pela Sony, uma gigante do entretenimento que se estreou no mundo dos videojogos com a PlayStation, uma maquineta que teve tanto sucesso que se tornou sinonimo de videojogos em muita habitação tuga.
O desenvolvimento de um mito
A origem da PlayStation remonta ao ano de 1990, quando a Nintendo fez nova parceria com a Sony (já tinham recorrido aos engenheiros desta multinacional para criar o chip de som da SNES) para a criação de uma expansão de CD-ROM para a sua 16 Bits. Após vários desentendimentos entre as duas empresas, a Nintendo decidiu cancelar o projeto e fazer outra parceria com a Philips.
Mas a “Play Station X” já se encontrava numa fase avançada de desenvolvimento e o seu engenheiro Ken Kutaragi convenceu a Sony a lançá-lo no mercado como uma consola de videojogos independente. Revoltado com a “traição” da Nintendo, a Sony aprovou o arriscado projeto do jovem Ken, que transformou a Play Station X na sua “Barbie”, sendo a consola oficialmente anunciada em outubro de 1993, demonstrando capacidades técnicas em 3D que arrebataram o coração dos jogadores. No final de 1994 chegava ao mercado japonês a PlayStation (PS1) e um ano depois era lançada nos Estados Unidos e Europa.
Desde o inicio a Sony foi muito hábil no trato com as third party, oferecendo condições muito vantajosas para quem queria produzir software para a consola, conseguindo o apoio de muitas software houses, o que levou a que a PS1 ao longo da sua vida tivesse uma excelente biblioteca de jogos, conseguindo seduzir gigantes como a Squaresoft e a Enix (fundamental para conquistar o mercado nipónico), a EA Sports (muito importante no mercado europeu e americano), a Konami, a Capcom, a Namco ou a Psygnosis..
Desde o início que a 32 Bits da Sony vendeu bastante bem em qualquer dos territórios. Nos EUA conseguiu mesmo a proeza de vender em apenas um dia, mais do que a Saturn tinha conseguido em vários meses. A habilidade e inteligência da Sony na abordagem às software houses resultou a que a sua consola tivesse uma biblioteca rica e variada, com jogos para todos os gostos. Mesmo com a chegada de concorrentes tecnicamente mais poderosas como Nintendo 64 e, mais tarde, a Dreamcast, as vendas da PlayStation não abrandaram, oferecendo aos jogadores uma linha de jogos já estabelecida e de grande sucesso.
No novo milénio, a PlayStation foi gradualmente sendo abandonada e teve sua produção encerrada em 2006, tendo a consola vendido cerca de 100 milhões de unidades em todo mundo, ao longo dos 12 (!) anos em que esteve no mercado. Números absolutamente notáveis e que tornam a PlayStation uma das consolas mais importantes e icónicas da História dos videojogos.

Eu e a PlayStation
Lembro-me perfeitamente da primeira vez que joguei PlayStation: foi num expositor do Toys R Us do Cascaishopping. O jogo era o Crash Bandicoot. A minha vida mudou ali.
Embora já tivesse visto vários vídeos de jogos a três dimensões no mítico programa “Templo dos Jogos”, não há nada como experimentar por nós mesmos. Fiquei maluco com o que os meus olhos viam. Aquilo era o futuro! Que realismo! Seria possível os videojogos terem gráficos melhores do que aqueles?
No entanto, confesso, não fiquei com o bichinho para ter uma. Naquela altura só podíamos sonhar em ter uma consola e a futura Nintendo 64 iria ter o Super Mario 64.
O problema foi quando este amor platónico pela consola se transformou numa paixão assolapada. Era uma soalheira tarde de verão e eu estava em casa de um dos meus melhores amigos da altura, que tinha acabado de vender a sua Mega Drive para poder adquirir aquela maravilha. Numa época de vacas magras, muitos petizes eram obrigados a venderem a sua consola antiga quando queriam adquirir a novidade do mercado, abdicando assim de uma máquina obsoleta, mas com a qual tinham centenas de enternecedoras memorias. Lembro-me de, nesse dia, no meio da excitação pela consola nova, o meu amigo evocava, amiúde, a memoria da sua antiga consola, que tantas alegrias lhe deu. Penso que até soltou uma lagrimita marota, quando, a dada altura, disse que a PlayStation era muito boa, mas nunca iria ter um jogo do Sonic .
Lembro-me perfeitamente dos jogos que experimentei: Hercules, Tekken 2, Croc… e um tal de Final Fantasy VII. Foi este último que revolucionou a minha imberbe cabeça de singelos 9 aninhos. E a partir daí a aquisição de uma PlayStation tornou-se num imperativo categórico.

A minha PlayStation
Felizmente esta oportunidade veio muito mais cedo do que eu esperava, dando-me assim razões para acreditar na existência de uma entidade divina que zela pela nossa felicidade e bem-estar. Assim, a minha avó foi iluminada pelo espírito santo e resolveu que era uma ideia estupenda comprar uma consola para os seus adoráveis netinhos terem com que se entreterem quando fossem desterrados para a sua habitação nas férias de verão. Assumindo a responsabilidade que a minha condição de “mais velho” da confraria dos netos, dei um passo em frente e indiquei a consola da Sony como a compra mais sensata.
Mal dormi na noite anterior à prometida ida ao Toys R Us para adquirir esta bênção da tecnologia. O bundle da consola era acompanhado pelo eterno Crash Bandicoot 2 sendo que a minha santa avó resolveu distribuir a sua riqueza pelas gentes mais humildes, presenteando-nos com mais um jogo (dois jogos no mesmo dia?! Meu Deus!): Spyro the Dragon.
Crash Bandicoot Final Fantasy
As principais qualidades da máquina da Sony
A partir daí, foram dezenas os jogos que rodaram na caixinha cinzenta da Sony. Paulatinamente, toda a gente na escola foi comprando uma, transformando o recreio não só num intenso comício de debate e de entreajuda, mas também numa feira de trocas.
A consola tinha inúmeras qualidades, mas a mais marcante penso que foi mesmo o facto de ter conseguido alargar o público-alvo dos videojogos. Assim, através de uma campanha de marketing extremamente bem executada conseguiram desmistificar o videojogo enquanto forma de entretenimento exclusiva para crianças ou para adolescentes anti-sociais e com a cara repleta e borbulhas, mas sim uma forma de lazer como qualquer outra. A Sony conseguiu alargar a sua userbase ao publico juvenil e adulto, oferecendo jogos mais cinemáticos e com características mais maduras. Estes jogos já existiam antes, mas foi a PlayStation que os democratizou e massificou.
A pirataria
Aqui no burgo, o que também ajudou a massificar a consola foi a pirataria.
Num país que apresenta a perigosa mistura de malta chica-esperta e salários rasteirinhos, muitos foram os que sucumbiram à tentação e colocaram um chip na sua consola, podendo assim ter acesso a uma enorme panóplia de jogos copiados pelo preço de um pastel de nata. Mas esta manha, tão tipicamente portuga, de tentar contornar os limites legais e ainda se vangloriar quando conseguiam contornar o sistema nem sempre corria bem. Conheço um tipo a quem a instalação do chip simplesmente derreteu o leitor da consola, pelo que a sua PlayStation entregou a alma ao Criador. Foi um funeral muito digno e bonito.
O chipador, homem honrado e integro, prometeu devolver o dinheiro e “arranjar” uma nova PlayStation ao cliente que se viu orfão de consola. Ainda hoje o pobre coitado está à espera.

Uma consola que marcou a indústria
A PlayStation é, indubitavelmente, uma excelente consola, com alguns dos melhores jogos de sempre, sendo responsável por ajudar a alterar positivamente algumas mentalidades retrogradas no que a videojogos dizia respeito. É incrível como uma consola pela qual não dava muito no início, acabou por se tornar numa das minhas favoritas de sempre.
Foi simplesmente notável o trabalho da Sony com a sua PS1, conseguindo suplantar com distinção duas concorrentes com muito mais nome e peso no mundo dos videojogos: a Nintendo e a Sega, e marcar indelevelmente os anos 90. Quem teve uma na sua época, sabe bem o tesourinho que tinha ali.

Eu comprei a consola quando saiu custou 60 contos por causa do Fórmula One e depois da ainda mais impressionante sequela F1 97 , mas ao contrário do que já li até agora salvo raríssimas exceções, o PC estava mais interessante e era realmente indispensável no acompanhamento “do topo que se programava na indústria” e que nem sempre é feita a verdadeira justiça real.
Quanto a xip não derretia lazer nenhum, mas sim simplesmente a consola podia deixar de ler os CDs como me aconteceu.
Para isso havia um PC com o álcool que gravava os CDs nos leitoes hp em 4x mas mais tarde tanto o game shark ou um simples palito (swap Magic) resolvia o problema dos bakups.
Quanto ao miticismo dos jogos, veio a perder se até aos dias de hoje pois as editoras apostaram nas consolas e não no PC como meio de plataforma n1 pois a pirataria no PC não permita ser um meio lucrativo. Apesar de muitos jogos serem programados de raiz para o PC a consola têm em primeira mão os títulos disponíveis…
A consola da Sony no início foi sem dúvida uma davida para algumas pessoas pois não havia muito rapaziada com consola mas no fim massificou se muito pela aposta da Sony em Portugal.
Mas na verdade o PC já tinha títulos de altíssima qualidade e oferecia uma experiência além dos jogos que até hoje é ainda mais inesquecível mas sem tirar o mérito aos programadores do que conseguiram trazer para as consolas…👍